Sobre aquilo que acontece no Campus da Unisinos, por estudantes de Introdução ao Jornalismo.

domingo, 19 de junho de 2011

Capuccino no Campus

Você teria coragem de beber?

Estamos no final de junho. É noite. Faz frio e, não por acaso, mais frio no Campus. Você ainda dispõe de alguns minutos antes do início de sua aula. “Preciso de um capuccino” é o primeiro pensamento que vem à sua mente. O segundo, claro, é “onde encontrá-lo?”. Você não tem mais do que poucos trocados e quer ter a certeza de que seu dinheiro terá o melhor destino possível. Sozinho, com frio, em meio à noventa hectares de Campus, você se sente desamparado à procura não de um café qualquer, não de um capuccino qualquer: você quer O Capuccino da Unisinos.

Pois foi esse dilema existencial que deu origem à reportagem relatada agora. Qual será o melhor Capuccino da Unisinos? A resposta, que chocou os que dela tomaram conhecimento, você confere agora.

Antes de ir a campo – ou, literalmente, ao Campus –, foi preciso definir os critérios de pesquisa. Que peso atribuir a fatores como ambiente, qualidade de atendimento, aroma, sabor, recipiente, preço e afins? Após intensas reflexões, chegou-se ao consenso de que o principal fator a ser considerado seria, de fato, o sabor. Em segundo lugar, o preço. Aos outros critérios, ficou o cargo de desempatar o confronto. O sabor é, no entanto, algo extremamente subjetivo, fato que poderia comprometer a credibilidade de uma pesquisa que, há de se dizer, é absolutamente isenta. Para amenizar a subjetividade, definiu-se que a análise do sabor seria feita de modo criterioso, sem dar espaço para argumentos do tipo “bom” ou “ruim”. Mais do que isso não pode ser feito. Você, leitor, terá de efetuar o próprio levantamento, ou se contentar com a opinião gastronômica de alguém que se valeria de arroz e ovo - e tão somente isso - para sobreviver caso precisasse cozinhar a própria comida.

Então, mãe, não sei o que aconteceu...

Definidos os critérios e identificados todos os setores de alimentação segundo o site da Unisinos, vamos, já, aos resultados da pesquisa.

Em último e vergonhoso lugar, temos o Restaurante Universitário (RU) e o Subway, já que ambos não comercializam cafés de qualquer tipo. Heréges, eu sei.

8º - Fratelo.

Na Fratelo, como em outros estabelecimentos, havia a opção entre o capuccino da máquina e o feito pela casa. Decidi, como critério de pesquisa, optar pelo feito pela casa em todos os casos em que essa alternativa era levantada. Servido em dois copinhos brancos de plástico, sem a estimada colherzinha para acompanhar, o capuccino é doce, mais doce do que o usual e, também, enjoativo. A coloração, para servir de parâmetro, é clara, estando mais para amarela do que para marrom. Além disso, não é feito para beber: excessivamente quente, há de se esperar alguns minutos até que o organismo aceite a temperatura. E o preço por essa maravilha? Absurdos R$ 3,25. Nota: 6.

7º - Pódium.

Na Pódium, uma desconfiança inicial: o capuccino foi preparado aos fundos. A única coisa que vi foi utilizarem o microondas em determinado momento. Algo que, é claro, transcende vergonhosamente os métodos nobres de se fazer um café ou, no caso, capuccino. Foi servido em dois copinhos transparentes de plástico, com a colherzinha. A exemplo do da Fratelo, o capuccino é demasiadamente doce. Morno, pode ser tomado sem medo de queimar a língua, a laringe ou o que quer que seja. Preço, o padrão: R$ 3,00. Nota: 6,5.

6º - Happy Station – Centro administrativo.

Feito pela casa, o capuccino é servido em um copinho de isopor com as mesmas dimensões dos anteriores. Muito quente, é preciso esperar para beber. Aqui, também, utilizou-se o microondas no preparo. Entre todos, o capuccino com mais creme: cerca de 1/3 do líquido. Por essa razão, o capuccino é também bastante enjoativo e tem a coloração fortemente marrom. Preço: R$ 3,00. Nota: 6,5.

5º - Max Cantina.

O processo de preparo do café se assemelha muito com o realizado pela Fratelo, embora o gosto seja mais parecido com o do Happy Station. Pode-se dizer que é um equilíbrio entre ambos, não sendo tão doce e nem tendo tanto creme. É servido em dois copinhos brancos de plástico com, também, duas colherzinhas. Bastante quente, precisa-se esperar para beber. Preço: R$ 3,00. Nota: 7.

4º - CMK Máquinas e Cafés.

Era possível escolher entre capuccino amargo ou doce, optei pelo doce para seguir o padrão que percebi nos outros estabelecimentos. A máquina, além de ser encontrada em diversos corredores da Unisinos, é confiável, tem uma interface digital com instruções claras e corretas, não há perigo de desperdiçar dinheiro como já ocorreu, pelo menos comigo, em máquinas de refrigerantes. O copo é de um plástico um pouco mais reforçado, a colherzinha é opcional e a temperatura ideal. O gosto, no entanto, deixa a desejar, dá a impressão de ser um café passado com achocolatado, e não um capuccino em si. Preço, meros R$ 1,10. Nota: 7.

3º - Sabor de Açaí.
Sendo o estabelecimento uma cafeteria de fato, seria natural esperar um melhor atendimento, um café de mais qualidade e um processo, no todo, mais qualificado. Vendido em porções grandes ou pequenas, o capuccino é preparado de forma mais requintada, com um maquinário mais sofisticado. Servido em uma taça de vidro com direito a pratinho, o capuccino está na temperatura ideal: no ponto para beber, mas é excessivamente cremoso. Preço, o mais caro, R$ 3,80. Nota: 8.

2º - Lanches do Alemão.

Aqui, a exemplo de outros locais, escolhi o café feito pela casa. O capuccino foi servido em dois potinhos transparentes de plástico, com uma colherzinha. A temperatura é um pouco mais quente que o ideal, mas nada que prejudique a apreciação. O gosto é mais equilibrado em comparação ao dos capuccinos servidos em outros estabelecimentos e, por isso, mais saboroso. Não é excessivamente doce e está longe de ser enjoativo. Preço: R$ 3,00. Nota: 8.

1º - Letras e Sabores.

A outra cafeteria da Unisinos cumpre o que se espera de um estabelecimento com esta finalidade. A qualidade do ambiente, há de se dizer, é notória. Percebe-se claramente o cuidado tomado com a decoração do ambiente situado ao lado da livrara Cultura, a fim de criar uma harmonia com o restante do local. O capuccino também é vendido nas porções grande ou pequeno e servido em taças de vidro. À mesa, tem-se guardanapos e açúcar. A temperatura é muito próxima à ideal. O gosto, um pouco mais doce do que eu considero perfeito. Há a impressão, aqui, de beber um capuccino de verdade. Preço: R$ 3,50. Nota: 8,5.

Concluído o intenso trabalho de apuração, o resultado parece ter sido bastante produtivo e conclusivo. Com tempo sobrando, Letras e Sabores será o meu destino quando desejar um capuccino legítimo em sua qualidade. Com a convicção de ter concebido uma pesquisa de indiscutível valor para qualquer estudante que frequenta o Campus da Unisinos em São Leopoldo, me despeço com um poema do célebre Mário Quintana:

"O café é tão grave, tão exclusivista, tão definitivo que não admite acompanhamento sólido. Mas eu o driblo, saboreando, junto com ele, o cheiro das torradas-na-manteiga que alguém pediu na mesa próxima." Mário Quintana.

Por Daniel.

Um comentário:

  1. Parabéns, Daniel. Matéria excelente, superboa de ler. Me deu uma gana urgente de tomar um capuccino. Já sei onde. Abraço.

    ResponderExcluir